Ato em São Paulo reúne lideranças nacionais e internacionais e centenas de militantes do movimento social
Escrito por: Paula Brandão
Em outubro deste ano, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório da “Missão pela Estabilização do Haiti (MINUSTAH), indicando a renovação por mais um ano da permanência das tropas. Diante desta notícia, movimentos sociais de vários países se mobilizaram em defesa do Haiti, pela dignidade e soberania de seu povo.
Neste sábado (5), mais de 400 (quatrocentas) pessoas entre lideranças nacionais e internacionais, e militantes de várias entidades do movimento social, reuniram-se no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo em um ato continental pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti. A Minustah é formada por contingentes de 42 (quarenta e dois) países, que juntos totalizam mais de 12 mil soldados. O Brasil, além de dirigir as tropas tem o maior efetivo, com mais de 3 mil homens.
Julio Turra, da Executiva Nacional da CUT
O evento foi organizado pelo Comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos” e Assembleia Legislativa de São Paulo, com o apoio de diversas entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores, representada no ato por Julio Turra, da Executiva Nacional da CUT.
Um vídeo documentário com denúncias sobre a situação do povo haitiano foi exibido antes da cerimônia. Em seguida, apresentações de grupos de rap reforçaram o coro da juventude presente: “O Haiti não precisa de soldado, soberania para o povo massacrado” e “Oh oh oh Dilma, escuta aqui, retire as tropas do Haiti”.
O ato foi aberto pelo deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), representando a ALESP. Bárbara Corrales, do Comitê, e Claudinho Silva, do setorial de Combate ao Racismo do PT-SP coordenaram a mesa.
Fignolé St Cyr, secretário da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (CATH), relatou a verdadeira situação de seu país, há sete anos ocupado pelas tropas militares da Minustah. Fignolé denunciou a brutalidade e as consequências cruéis que recaem sobre o povo haitiano com a ocupação. “São milhares de mortes, pessoas doentes, especialmente, por conta da epidemia de cólera, além de desaparecimentos e ataques permanentes”, disse.
A ONU destinou US$ 854 milhões para a ocupação militar no exercício 2010/2011. Desde o início da ocupação, no final de 2010, a epidemia de cólera que assolou o país, trazida pelo contingente de soldados do Nepal, matou mais de 5 mil pessoas e contaminou 310 mil.
“O Hai
Fignolé (centro), Jean-Charles e Julio Turra (dir.)
Julio Turra reiterou que “o único setor social capaz de reconstruir o Haiti é o povo trabalhador daquele país e não sua elite, corrupta e vendida. A reconstrução só será possível sem a presença das tropas. A ocupação é uma afronta à soberania do povo e dilacera sua dignidade. A CUT é solidária à luta pela retirada imediata das tropas, por um Haiti livre e com seu povo soberano”.
“Já passou da hora de a ONU retirar suas tropas do Haiti”, declarou a fundadora do NAACP - movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, Colia Clark, que participa da Comissão de Inquérito sobre o Haiti. “O Haiti não precisa da ‘ajuda’ dos EUA e da ONU para se reconstruir, mas de ajuda material, técnica e de infraestrutura, necessária para que a reconstrução seja feita pelos próprios haitianos”, reforçou.
Colia Clark (púlpito)
Entre os movimentos sociais e entidades presentes no ato, lideranças e militantes da CUT, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de entidades sindicais, do movimento negro, do hip hop, da juventude, de partidos e outras organizações populares da sociedade civil.
O ato foi finalizado com a leitura de um manifesto assinado pelas entidades presentes.
Para conhecer um pouco mais sobre a situação do Haiti, assista aos documentários “O que se Passa no Haiti”, do jornalista estadunidense Kevin Pina e “Haiti: estamos cansados”, documentário de Daniel Santos, lançado pela Juventude Revolução. Os vídeos estão disponíveis na internet pelos links: http://goo.gl/kVk7L e http://goo.gl/kWIOW.
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