Foram enterrados na tarde deste sábado, 26, no Cemitério Campo Santo, na Federação, os corpos dos agentes de endemia da Prefeitura de Salvador, Marcos Vinícius Santos, 38, e Itamar Nascimento, 28 anos. Os agentes foram assassinados, na tarde de sexta-feira, 25, dentro de um bar, no bairro de Valéria, por dois homens encapuzados em uma motocicleta.
Cerca de 400 pessoas compareceram ao enterro, marcado pelo clima de comoção e revolta. “Eu estou mais indignado com a mídia do que com os marginais que mataram ele”, declarou, sem se identificar, o presidente da associação dos moradores de Valéria. Ele contestou a versão da polícia de que Marcos, que era estudante de direito e estagiava em um escritório de advocacia criminal, atuava como advogado de criminosos. Um dos presos defendidos por ele teria descoberto a farsa e encomendado sua morte e a de Itamar, que era seu estagiário.
Amigo de infância de Marcos Santos, um vizinho da vítima – que não quis se identificar – disse que ele era 7º semestre, no curso de direito, da faculdade Maurício de Nassau. No entanto, ele afirmou nunca ter visto a vítima se apresentar como advogado. “Ele tinha um cartão de visitas, mas não constava essa informação de advogado. A minha ficha ainda não caiu, não sei o que aconteceu de fato. O que posso dizer é que ele era uma pessoa de bem, era evangélico”, disse.
Já o amigo de Itamar, Sílvio Ferreira, assegurou que “a versão da polícia não tem nenhum fundamento. Ele era casado, tinha filhos. Era um pai de família que estava fazendo o seu trabalho. Ele não tinha nenhum envolvimento com o tráfico”, declarou.
Revolta - De acordo com o diretor do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e Contendores de Doenças Endêmicas da Bahia (Sindacs-BA), Cléber Mascarenhas, “a imagem de dois trabalhadores de bem foi associada a bandidos sem que o fato proceda. Eles morreram fardados, exercendo o dever deles”, disse, emocionado.
Cléber questionou o tempo em que a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP) levou para elucidar o duplo homicídio, menos de 24 horas. “Incrível como a polícia desvendou esse crime tão rápido. Quem matou Colombiano? Quem matou Neilton?”, ironizou. Também revoltado com a morte dos colegas, o presidente do Sindacs, Enádio Pinto, frisou que “acha estranho um bandido que estava preso e incomunicável mandar matar alguém. Isso só prova que a polícia não tem controle de nada. Toda morte agora é associada ao tráfico de drogas, essa é uma forma da polícia dizer que está trabalhando. Não há mais investigação”, bradou.
O diretor do sindicato anunciou que nesta segunda-feira, 28, às 9h, a categoria fará uma manifestação do Campo Grande até a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para cobrar retratação. “Caso não haja retratação por parte da polícia faremos uma paralisação dos nossos serviços”, garantiu.
Nenhum representante da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) compareceu ao enterro.
Divulgação: Mobilização Nacional dos Agentes de Saúde - MNAS
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