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"Apesar de estar sendo relacionado ao consumo de açaí, reforçamos que o fruto não é o culpado pelos casos. Todo processamento que não conta com a higiene adequada tem o risco de contaminação. Já tivermos surtos com camarão salgado, por exemplo", conta Elenild Góes, coordenadora de contaminação pela doença de chagas no Pará."Branqueamento" é solução viável para higienizar o açaíEntre as principais recomendações está o uso da técnica conhecida como branqueamento. Heron Amaral vende açai em Belém há 17 anos e descreve o passo-a-passo de como beneficiar o fruto.
"Primeiro é preciso passar o açai pela peneira para retirar a sujeita que até pode ser vista a olho nu. Depois ele passa por três lavagens e vai para o banqueamento, que é mergulhar o açaí em uma solução com hipoclorito de sódio em uma temperatura de 80º C, por cerca de dez segundos, aí enxaguamos várias vezes para retirar o cloro, resfriamos e só então processamos o açaí", explica Heron.

(Foto: Reprodução/EPTV)
"O açaí virou uma questão de saúde pública. Fiz as mudanças aqui de forma lenta porque é caro. Mas me sinto recompensado por saber que o trabalho está sendo feito de forma correta e estamos levando para a população alimento de qualidade. Fico triste de ter gente receosa de comer açaí por conta disso", afirma Heron Amaral.
A pesquisadora Ana Maria Doaralto defende que o branqueamento deve ser realizado mesmo no açaí que será congelado. Um estudo divulgado recentemente pela professora da Universidade de Campinas (Unicampi) indica que o parasita que causa a doença pode sobreviver mesmo há baixas temperaturas, o que faz com que o congelamento não elimine o problema.
"Experimentamos em laboratório com camundongos e a resistência do parasita é grande em temperatura ambiente, mas também acontece a até 4º C. Por isso, a melhor medida é a adequação da cadeia de produção e processamento da fruta, com uso do branqueamento", orienta.

opção para evitar contaminação, dizem
especialistas. (Foto: Ary Souza/O Liberal)
Pelo Sebrae, toda a cadeia produtiva do açaí é beneficiada no Programa de Alimentos Seguros, que orienta, presta consultorias e treinamentos para implantar boas práticas de higiene desde o produtor, passando para os atravessadores e vendedores, até chegar na agroindústria.
"Seguindo as indicações, especialmente o uso do branqueamento, que é obrigatório devido a uma lei estadual, é possível oferecer aos consumidores um alimento saudável e a segurança alimentar", garante, Mauro Roberto Pereira, representante do Sebrae.


A turismóloga, Ariane Bastos, diz que sua mãe e filho contraíram a doença de chagas e a família desconfia que a infecção veio pelo consumo do açaí. Após vários dias consultando médicos, uma amiga da família recomendou o exame que detectou a doença de chagas.

Serviço:
A doença de Chagas é muito comum na região amazônica. Sua transmissão se dá através de insetos infectados com o parasita trypanosoma cruzi. A doença afeta principalmente o coração e o sistema digestivo. Seus sintomas mais comuns são febre alta, dores de cabeça, no corpo, palpitações e manchas na pele, similares a doenças mais comuns, como a dengue. Por conta disso, é preciso ter muito cuidado na hora do diagnóstico.

"Quanto mais tempo se demora para receber o tratamento, maior é a chance de ter complicações pela doença. A chance de óbito é em torno de 5% a 10%", orienta Dilma Souza, médica cardiologista do Hospital das Clínicas Gaspar Viana, referência no tratamento da doença no Pará.
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