A segunda mesa na programação do Seminário O Enfrentamento da Morte Materna na Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher
discutiu a promoção da atenção qualificada e humanizada - obstétrica e
neonatal e a importância do enfrentamento da mortalidade materna no
processo de construção da Política Nacional de Saúde.
Dados
do Ministério da Saúde, de 1990 a 2010, informam que a taxa de
mortalidade materna de fato apresentou uma queda significativa, caindo
de 141 para 68 mortes de mulheres a cada 100 mil nascidos vivos.
Entretanto, na avaliação da coordenadora da Comissão Intersetorial de
Saúde da Mulher (Cismu), Maria do Espírito Santo Tavares, muitas vidas
de mulheres ainda continuam a ser perdidas por causas relacionadas à
gravidez, ao parto e ao puerpério. “Todas são mortes evitáveis”,
acentuou.
“A
Saúde da Mulher é uma agenda absolutamente prioritária no governo da
presidenta Dilma Rousseff”, destacou a palestrante Ester Albuquerque
Vilela, da Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde (MS).
Ela observou que os índices de mortalidade materna e infantil
persistem muito altos e incompatíveis com o nível de desenvolvimento do
país, e as causas de morte são em grande parte evitáveis. “É preciso
mudar o modelo de atenção ao nascimento no Brasil para a solução deste
grave problema de saúde pública”, frisou.
Para
Ester Vilela, todo trabalho realizado pela coordenação da Área Técnica
de Saúde da Mulher possui uma linha de cuidado prioritária para atender
a atenção obstétrica, atenção às mulheres e adolescentes em situação
de violência, atenção clínico ginecológica, o câncer de colo de útero e
mama, a atenção à saúde de segmentos específicos da população feminina
e a saúde sexual e saúde reprodutiva, incluindo o planejamento
reprodutivo e às doenças sexualmente transmissíveis (como a aids). “O
trabalho realizado desta forma faz uma grande diferença, pois a boa
assistência medica é qualificada, sem intervenções desnecessárias e
medicalização”, considerou.
A
representante do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Estela
Aquino, ressaltou que o momento do parto precisa ser respeitoso e
digno, apoiado na rede de atenção articulada que garanta acesso oportuno
à atenção qualificada desde o pré-natal até o parto. “É preciso criar
estratégias para garantir o protagonismo e os direitos da mulher e da
criança neste momento de celebração da vida e do afeto, de forma a
promover sua saúde e as relações humanas e da sociedade”.
Do
Núcleo de Estudos de População (Nepo), Margareth Martha Arilha alerta
que as mulheres brasileiras “há algumas décadas sofrem um paradoxo no
nascimento”. Segundo ela, a intensa medicalização influenciou de forma
determinante o modo de nascer, reduzindo um acontecimento fisiológico e
natural da vida familiar e social a uma intervenção médica-cirúrgica.
“Em
linhas gerais há dois cenários predominantes”, diagnostica Margareth
Arilha. De um lado o chamado “parto normal” desvirtuado, traumatizante,
que se sobrepõem aos desejos da mulher e ofuscam a sua participação e a
da família no processo. No outro cenário, práticas baseadas em
evidências científicas que propiciam o conforto da mulher, diminuem o
stress e ajudam na evolução do parto. “Não podemos dizer qual é o
correto, mas podemos afirmar categoricamente que o melhor será aquele
que efetivamente fizer bem à mulher”.
Para
discutir a temática do seminário, de forma mais detalhada, cinco
grupos de trabalho foram formados: vigilância do óbito materno; modelo
de atenção ao parto e nascimento; fortalecimento das redes de atenção;
violência institucional contra as mulheres e sífilis, Hiv e hepatites.
link: http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2012/28_mai_semi_atencao_qualificada.html
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