Na manhã de hoje (5), o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) fez uma visita técnica à Unidade de Saúde da Marambaia, onde confirmou denúncias que haviam sido feitas pelos trabalhadores do local. Desde o número baixo de profissionais para o atendimento até o péssimo estado do mobiliário, as reclamações dos profissionais que atendem ali foram confirmadas e apontam para más condições de trabalho em situação que impede o bom desempenho da medicina.
A visita foi feita por dois diretores do Sindmepa – os médicos Wilson Machado e Paulo Bronze, e a primeira denúncia que veio à tona foi o não pagamento, até hoje, dos plantões realizados pelos médicos nos períodos especiais de Natal e Ano Novo de 2011. Mas, as reclamações do corpo profissional não param por aí, a falta de médicos e de profissionais da área da saúde em geral foi a tônica dos relatos ouvidos durante a visita.
Segundo o médico Wilson Machado, os diretores puderam testemunhar também as péssimas condições físicas da unidade. Desde cadeiras sem estofado, sem braço, mesas enferrujadas, e por isso anti-higiênicas, até paredes com mofo e infiltrações foram detectadas. Os funcionários também apontaram para um antigo problema de esgoto, que leva ao acúmulo de água dentro do estacionamento e na frente da Unidade de Saúde.
Programas em desacordo
Além de o atendimento normal estar prejudicado, os médicos apontam para os programas que estão sendo executados em desacordo com suas necessidades. A visita registrou a falta de uma equipe para executar o programa Saúde Família no local. As dependências do serviço de combate à tuberculose também estão, há muito, funcionando em instalações provisórias e inadequadas para o serviço.
Entre os programas apontados como deficientes, os médicos chamam a atenção para o atendimento ao idoso, que deveria contar com uma equipe multidisciplinar da área da saúde, mas tem apenas cinco médicos para atender cerca de cinco mil pacientes. O déficit faz com que consultas do serviço, que deveria ser mensal, estejam hoje sendo agendadas para o mês de junho.
Sesma explica situação na Marambaia
Em resposta às deficiências apontadas na visita do Sindmepa, o diretor do Departamento de Ações em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Walber William, explicou que o pagamento dos plantões ainda não foi feito apenas por uma questão burocrática. “O Tribunal de Contas do Município exige que sejam fornecidos os números dos documentos funcionais e a freqüência desses funcionários. O que aconteceu foi que alguns desses números foram fornecidos pelos médicos por telefone, e houve erro na hora de confrontar as informações, por isso tivemos que solicitar a documentação novamente”, explicou. Os plantões mencionados devem ser pagos na próxima quarta-feira (7).
Revitaliza SUS deve chega à Marambaia
Com relação às condições físicas do espaço, a Sesma informou que vai receber um recurso do Ministério da Saúde – parte do projeto Revitaliza SUS – que servirá para reformar 15 Unidades de Saúde, entre elas a da Marambaia. A revitalização deve começar no dia 15 de março.
Quanto ao mobiliário, o servidor informou que “já foi feito um levantamento em todas as unidades da rede e, detectadas as necessidades, elas serão contempladas através de licitação para a compra de novos móveis”, esclareceu Walber William
Sobre a falta de pessoal, o servidor confirma que há, de fato, uma deficiência de médicos no sistema, mas aponta que no caso do Saúde Família existem 11 equipes com 10 médicos que não estão fixas na Unidade de Saúde, mas atendem a todo o bairro da Marambaia e do Entroncamento. Além disso, Wiliam lembra o fato de que a Unidade da Marambaia, por ser uma das maiores, é muito visada. “Atende, por exemplo, 50% dos usuários do Bengui, que tem uma unidade de emergência. Na Marambaia também recebemos pacientes de municípios vizinhos de Belém, e também das Ilhas. No momento estamos tentando fazer um contra-fluxo, conscientizar as pessoas de que elas podem ser atendidas nas unidades dos seus próprios bairros”, explicou.
Situação parecida é apontada no caso do atendimento ao idoso. O excesso de pacientes – cinco mil – é atribuído ao fato de esse atendimento especializado ter sido cancelado em outros pontos, como na unidade de saúde da Pedreira, por exemplo. A isso a Sesma pede que outros órgãos, como a Sespa e outros serviços de atendimento, dividam a responsabilidade de forma que os idosos possam ser atendidos com mais eficiência.
Segundo Wilson Machado, um dos diretores do Sindmepa, o sindicato está elaborando um relatório da visita que será enviado para a Secretaria de Saúde do Município, para o Prefeito, Ministério Público do Estado e para o Ministério da Saúde.
O médico frisa que “esta é uma forma, sim, de denunciar, mas, acima de tudo, colaborar com a gestão dos problemas na área da saúde”. É uma forma de ajudar a sociedade e mesmo os governantes a tomarem conhecimento dos problemas enfrentados diariamente pelos utentes e pela categoria.
(Marina Chiari/ DOL)
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